Café gourmet, especial. Machiato, cappuccino, expresso. Com açúcar ou sem? E os sensoriais? De repente, com milhões de opções e termos técnicos, o cafezinho da tarde de todo dia toma a forma de uma xicrinha de confusão. Afinal, o produto possui muitas faces e ir numa cafeteria focada em café especial pode evidenciar o quão pouco sabemos sobre ele. Pensando no consumidor e nos entusiastas de café iniciantes, a barista do Café Baiuca, Giovana Vicentini, criou o Clube do Café.
Giovana é barista certificada pelo Specialty Coffee Association e já trabalhou em uma cafeteria da Austrália por um ano. Natural de Brasília, mudou-se para Taubaté, pensando em atuar no mercado de café especial. “Café especial é caro. E nem sempre a gente consegue entregar realmente uma xícara que é de qualidade, apesar de ele ser um produto de qualidade, porque existem diversas coisas que influenciam. Então, [com o conhecimento] o consumidor consegue ter mais consciência do consumo dele, consegue exigir a qualidade que é esperada com o café especial. Inclusive, aprender com cada experiência”, afirmou.
O grupo começou em 2019 e tem como objetivo ensinar mais sobre o café especial para todos que desejam aprender um pouco mais sobre essa bebida, tão presente na cultura do brasileiro. A proposta é de que, de pouco em pouco, sem chegar já no amontoado de termos técnicos, criar uma base e expandir o conhecimento.
O funcionamento do Clube é simples, quase caseiro, justamente para facilitar a absorção da informação e repetição de tudo que o participante aprende a cada encontro. Uma reunião semestral, sempre com quatro aromas do café e um cartão contendo todas as informações sobre o café, desde a espécie e aroma, até quem produziu o cafezinho que você está degustando. E de maneira dinâmica, o conhecimento é construído naturalmente, com a experimentação e as explicações do barista presente.
“As vezes, na cafeteria, o consumidor se sente como um observador. No Clube do Café, eu que faço os cafés, mas os membros recebem amostras, tem toda uma participação que faz com que eles percebam que podem fazer também”, afirmou Giovana.
Também há a divisão em turmas, entre aqueles que estão há mais tempo e aqueles que chegaram mais recentemente. Segundo a barista, a divisão é para evitar a desmotivação daqueles que chegaram há pouco tempo, ao verem aqueles que estão há mais tempo debatendo com os baristas. “Alguns já conseguem identificar vários sensoriais, e até discutir comigo, enquanto que quem começa, lógico, muitas vezes não tem ainda um embasamento para isso e pode acabar se sentindo desmotivado. É importante lembrar que, no começo, nem eu sabia tanto assim”, explicou.
Atualmente, conta com 13 membros ativos em Taubaté e tem um “irmão” em Brasília. Por conta da pandemia, as reuniões têm acontecido de forma online, com os kits (contendo as amostras e os cardes) sendo entregues pela Giovana e com lives contando com a participação de produtores, especialistas em café e pessoas que estudam o produto.
Ah, e quanto à pergunta polêmica: café com açúcar ou sem? A Giovana já deixou o aviso: “No clube, eu não coloco açúcar. Eu nem vou ter açúcar para a pessoa que quiser (risos)”.