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Coffee Hunter: o Indiana Jones do café


Sabor de Taubaté - 3 de novembro de 2020 - 0 comments

Uma profissão que demanda muito empenho, com uma agenda repleta de viagens e baseada na procura por preciosidades. E, não, não estamos falando de caçadores de tesouro à la Indiana Jones, e sim de Coffee Hunters, que ao invés de desbravarem templos antigos com armadilhas e maldições, se aventuram pelo país para encontrar os melhores grãos de café, o “ouro verde”.

Apesar de pouco conhecido, o trabalho dos Coffee Hunters (na tradução livre, significa: Caçador de Café), que consiste na busca por grãos especiais e selecionados em diversas regiões e núcleos do Brasil, é requisitado principalmente por cafeterias de café especial. E o que não faltam são locais de produção de café no Brasil, que é o segundo maior produtor no mundo, produzindo mais de 60 milhões de sacas de café anualmente.

O Coffee Hunter do Stella Caffé, em Cunha, Irapuan Marcondes, frisou a importância de se manter esse contato pessoal e direto com os produtores. “Eu jamais compro um café se eu não tiver um relacionamento pessoal com o produtor. Isso significa que eu conheço os métodos que o produtor utiliza, eu sei da responsabilidade que ele tem com o meio ambiente, sei do trato que ele dá ao café”, afirmou.

Não existe um curso de formação de Coffee Hunters, porém, é essencial que o profissional tenha certo nível de conhecimento técnico. Por isso, o ideal é os interessados em seguir carreira possuam o certificado de Q-grader, emitido pelo Coffee Quality Institute (CQI, Instituto de Qualidade do Café), após seis dias de treinamento intenso em um laboratório certificado pela SCA (Specialty Coffee Association). No caso de Marcondes, o seu certificado foi adquirido na Academia do Café, em Belo Horizonte.

Mas, o que seria o grão ideal que eles procuram? “Existe uma série de atributos que a gente vai verificar na seleção física, visual. E depois tem os atributos sensoriais. Ai a gente está falando em pegar essa amostra de café do produtor, torrar, moer e aplicar alguns protocolos de prova, que são os sensoriais”, explicou Marcondes.

Como todas as profissões, há alguns desafios no desempenho desse ofício. Marcondes apontou que a maior dificuldade seriam as distâncias. Mas, com um leve sentimento confucionista quanto a trabalhar com o que ama, o Coffee Hunter destacou que, apesar das longas horas de estrada, “é um trabalho muito gratificante, e o relacionamento que criamos com essas pessoas superam as dificuldades”.

Os interessados em se tornarem Coffee Hunters podem ficar tranquilos. Não há nenhum dress code que exija chapéu ou chicote. Porém, os 141 espécimes de cigarrinhas que gostam de habitar as plantações podem causar alguns empecilhos, principalmente se você não estiver acostumado a andar entre campos. Nesse caso, talvez empunhar um chicote para afastar insetos não seja uma má ideia.

Imagem de capa cedida por Luiza Pereira, da Fazenda Irmãs Pereira