Um personagem de destaque desse período é o Barão do Café.
Os barões do café correspondiam à aristocracia rural, sendo os donos das fazendas e dos meios de produção do café que se tornaram, para os padrões da época, “milionários”. Por conta desse destaque, econômico e muitas vezes também social, estes senhores recebiam títulos nobiliários.
O poderio econômico também gerava o político, o que lhes permitia moldar a sociedade, fosse por meio das modernidades que traziam (para aprimorar a comercialização do café, como as ferrovias, ou para entreter as altas classes que queriam experimentar os prazeres das grandes capitais, como teatros), influenciando os políticos e figuras de poder locais ou, de maneira mais direta, ocupando cargos políticos.
“A ideia de política, na época, era muito diferente da que temos hoje. No estado, só existia um partido republicano, que era o Paulista, e cada cidade tinha o seu diretório local e, nesse período do começo da república, os principais chefes políticos eram fazendeiros”, explicou Bruno Bortoloto, historiador e pesquisador do Museu do Café em Santos. Ainda segundo Bortoloto, havia um clientelismo muito forte, com relações privadas e públicas muito próximas e troca de favores.
BARÕES TAUBATEANOS – Alguns taubateanos receberam esse título em virtude do enriquecimento por meio do café. Como foi o caso de Manoel Gomes Vieira (1821-1902), o primeiro e único Barão da Pedra Negra, que possuiu importantes fazendas como a Fortaleza, Quilombo, Santa Maria, Independência, Ermo e o Sítio Boa Esperança. O café produzido pelo barão chegou a ser premiado com Menção Honrosa na Exposição Internacional de Nice (França), em 1885. Vieira também auxiliou na instalação e manutenção do Externato de São José, em 1892, que foi de grande importância para a educação feminina no Vale.
Outro personagem agraciado por um título foi José Francisco Monteiro (1830-1911), o Visconde de Tremembé, que também possuía diversas fazendas, como: a fazenda São José do Buquira (no atual município de Monteiro Lobato) e a Chácara do Visconde, em Taubaté.
O Barão de Jambeiro, David Lopes de Souza Ramos (1833-96), também é taubateano. Condecorado com a “Ordem da Rosa”, por Dom Pedro II, residiu em Taubaté com a esposa e a filha, Etelvina, esta, educada pela irlandesa Annie Stafford, que também passou a residir com a família e foi responsável pela fundação do Internato Taubateense, em 1891. Ramos ocupou diversos cargos: Juiz de Paz, Vereador da Câmara Municipal de Taubaté, suplente de Juiz Municipal e capitão da antiga Guarda Nacional. Também participou da fundação do Hospital de Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência da cidade de Taubaté, em 1864, o hospital, posteriormente, seria Santa Casa de Misericórdia.
Já o Barão de Taubaté, que levava o nome da cidade, era Antonio Vieira de Oliveira Neves (1815-1905), que recebeu o título em 1877, cujo o pai era um lavrador abastado. Passou a residir em Pindamonhangaba após se casar com a filha adotiva do barão de Pinda. Foi responsável pela fundação da Santa Casa de Misericórdia, em suas fazendas Santa Leonor em Roseira e Bonfim, em Pinda, produziu o seu café, que em 1883 chegou a ser premiado com medalha de prata na Exposição Internacional de Amsterdan e na do Rio de Janeiro. Neves chegou a receber honrarias por parte de Dom Pedro II, como a “Ordem da Rosa”, em 1876, e a “Comenda de Cristo”, em 1889.
Foto de capa: Fazenda São Joaquim no Bairro do Macuco, conhecido como Bairro dos Alvarenga, Taubaté, 1918. Disponibilizada pelo MISTAU.