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Café faz mal?


Sabor de Taubaté - 1 de novembro de 2020 - 0 comments

Atualmente, o modo de vida saudável está se tornando uma tendência. Mas não é apenas uma rotina de exercícios que mantém o corpo saudável, como também uma alimentação adequada. A busca por essa qualidade de vida muitas vezes faz com que as pessoas questionem os seus hábitos alimentares e pensem: será que isso que eu como ou tomo todo dia me faz bem?

O café – bebida mais consumida no Brasil – não fica de fora desse questionamento.

Por isso, sentamos com a nutricionista funcional e esportiva e também autora de dois livros digitais (Protocolo de Desintoxicação Hepática e E-book de Receitas Saudáveis e Funcionais), Pâmela Terra, para solucionar essa dúvida.

Afinal, o café faz mal?

Sabor de Taubaté: Quanto à composição café, quais elementos (vitaminas e nutrientes) essa planta é rica?

Pâmela Terra: Principalmente, vitaminas do complexo B, alguns minerais como fósforo, potássio, magnésio, e ele tem um teor baixo de proteínas e macro nutrientes no geral. Já quanto ao carboidrato, proteína e gordura, ele é um tanto pobre, sendo mais rico em micronutrientes, vitaminas e sais minerais. E a cafeína. Dependendo do café, aquela xicrinha de café tem mais sou menos 70 a 80 miligramas de cafeína, que é um bom nutriente cerebral, quando respeitamos a dose.

S.T: O café pode provocar insônia, como isso acontece?

Pâmela: Sim. Seria a cafeína que causa essa insônia. Porque ela seria um estimulante que te deixa discretamente agitado. Algumas pessoas podem ter a metabolização mais rápida ou mais lenta para essa cafeína, então você pode ficar mais agitado ou menos agitado diante da dose que você toma.

O que é sugerido: respeitar a dose, sendo ela em torno de quatro a cinco miligramas de cafeína por quilo de peso, então, na prática, cada pessoa tem a sua dose ideal.

Aliás, por ser um estimulante, não é aconselhável que a pessoa ingira café muito no final do dia, justamente para não atrapalhar a qualidade do sono. É recomendável tomar café mais cedo, como de manhã ou no início da tarde.

S.T: O café é contraindicado para alguma pessoa portadora de alguma doença específica, como a pressão alta, por exemplo?

Pâmela: Não. Não vejo essa contraindicação, até porque ele não é rico em macro nutrientes. Pelo contrário. Existe uma classe de fitoquímicos flavonoides, antioxidantes, presentes no café que desempenham a ação anti-inflamatória. Todo oxidante desempenha uma ação anti-inflamatória.

Visando doenças, como pressão alta, colesterol, ou qualquer outra doença metabólica, tudo que apresenta essa oferta de nutrientes anti-inflamatórios melhora essa condição.

Não vejo o café como um “vilão” para essas patologias.

S.T:  E quais são os benefícios do café?

Pâmela: Principalmente ligados à cognição e memória, quando a gente respeita a dose, porque a cafeína desempenha uma melhora cognitiva em doses moderadas e pequenas. Pensando em doenças neurológicas, que até se cita em alguns artigos a doença de Parkinson, quando você tem um consumo de pouca cafeína, você pode prevenir essas doenças, principalmente pela melhora de foco, concentração, memória e cognição.

S.T: Em relação à essa quantidade moderada, quanto que seria?

Pâmela: De dois a três cafés por dia, na xícara de café que é em torno de 100ml. Ou seja, de 200 a 250 miligramas de cafeína por dia, que, se dividirmos pelo peso da pessoa, a quantidade pode ficar até abaixo do usual, então não traria riscos. Doses elevadas de cafeína, sim, que pode causa um efeito rebot desse estímulo, dessa memória e concentração, e desordenar essa parte neurológica.

S.T: O uso exagerado e frequente de café pode causar alguma dependência?

Pâmela: Quanto mais você ingere a cafeína, mais você atinge algumas regiões do cérebro que vão “pedir” por essa substância. Ela traz conforto e aumenta a liberação de dopamina, então você fica mais “ligado” e com sensação de bem-estar no primeiro momento, que pode fazer com que o corpo peça cada vez mais por essa reação.

Existe pessoas que tomam altas doses de café. Três, sete cafés por dia, ou faz garrafa de café em litro e vai tomando ao longo do dia. Então, realmente, pode existir essa condição.

S.T: Quanto aos “complementos”, como o leite e o açúcar, uma vez que muitas pessoas que não tomam o café puro, isso seria ruim? Por exemplo, o açúquinha?

Pâmela: Com certeza (risos). Falando da parte nutricional, o açúcar não traz benefícios para a saúde e quando você mescla açúcares ou adoçantes no café, principalmente, você muda a qualidade dele, não conseguindo sentir o aroma, de fato. Fica todo um sabor doce. Essas propriedades podem ser um pouco perdidas ou amenizadas por conta desse aditivo químico, que é o adoçante, ou pelo açúcar.

Eu sugiro tomar o café puro.

S.T: O café é uma figura muito importante na cultura alimentar brasileira e muitas pessoas o tomam com frequência, o que torna quase impossível cortar a presença dele totalmente. Seria então o caso de maneirar?

Pâmela: Eu nunca falo para cortar completamente, nem para grávidas. Mas é preciso maneirar. Eu faço a conta, utilizando os quilos do peso da pessoa, e costumo reduzir a dose.

No caso das lactantes, elas só precisam prestar atenção para ver se o café (que elas ingerem) não deixa os bebês mais agitados. Já as gestantes, até dois cafés pequenos por dia, não vejo problema.